Tentei ler O Nome da Rosa quando tinha algo como 10 anos, acho. Eu me lembro que já tinha assistido ao filme e gostado bastante, então achei que gostaria do livro desse tal de Umberto Eco.
Achei chato demais. Devo ter aguentado até a quinquagésima página antes de desistir (na época ainda não tinha decido nunca abandonar um livro no meio) e provavelmente seguir a vida lendo algum livro do Stephen King.
Avançando uns 30 anos, surgiu na pilha de doações dos meus sogros O Pêndulo de Foucault, do mesmo Umberto Eco. Fui atraído porque 1) era uma possibilidade de dar uma nova chance ao truta e 2) seria legar ler sobre o pêndulo que vi pessoalmente no Musée des Arts et Métiers.
Li tudo? Li. De cabo a rabo. Mas era melhor ter jogado o livro pela janela.
O livro tem excelente ideias. Fantásticas até. Só para listar alguns exemplos:
- Um Sam Spade literário, que caça referências em bibliotecas empoeiradas e sebos sinistros.
- Uma editora que na verdade são duas — com direito a um “corredor secreto” que liga uma à outra.
- Um esquema de auto-financiamento editorial que beira à fraude.
- Um imortal especializado em história.
E por aí vai. O problema é que todas essas ideias — que por si já valeriam uma dúzia de livros sensacionais — são usadas en passant e descartadas para dar lugar à trama principal que é a simplesmente a coisa mais chata do mundo:
Segundo consta, os Templários deixaram um plano secreto para dominar o mundo. Aí um trio de pseudo-intelectuais resolve desvendá-lo, debatendo durante capítulos e mais capítulos e levando ao desgaste intelectual e emocional 90% dos coadjuvantes, com direito ao flashback mais maçante do mundo, o mal aproveitamento das ideias sensacionais já citadas e um clímax que não combina com o resto do livro (parece que alguém copiou e colou o final de outro livro). É chato, de uma verborragia desnecessária e com personagens idiotas, uma completa perda de tempo.
Mas aprendi uma coisa:
Se nem os personagens secundários aguentam a trama, estou liberado para acompanhá-los e abandonar um livro no meio.