A cidade de Night Vale nasceu em um podcast quinzenal chamado Welcome to Night Vale, criado por Joseph Fink e Jeffrey Cranor em 2012. Os episódios são montados como se cada áudio fosse uma transmissão da Rádio Comunitária de Night Vale, contando o dia-a-dia dessa pequena cidade localizada em algum lugar do desértico sudoeste norte-americano.
Em Night Vale todas as conspirações são verdadeiras. Luzes estranhas cruzam os céus, uma organização governamental sinistra espiona os cidadãos, existe uma senhora sem face que secretamente habita a sua casa (e todas as outras ao mesmo tempo) e muito mais, como uma Twin Peaks elevada à enésima potência. Esses elementos surreais misturados com humor e horror resultam em histórias divertidamente originais.
The Great Glowing Coils of the Universe é uma coletânea com os roteiros do segundo ano de Welcome to Night Vale (O primeiro ano pode ser encontrado em Mostly Void, Partially Stars). Cada roteiro é acompanhado de uma introdução, normalmente escrita pelos seus criadores, contando alguns detalhes sobre a produção do show.
O ponto forte desses livros (por mais sensacionais que sejam os episódios) são justamente essas introduções.
É inspirador ler como os roteiros são escritos, como no começo a produção é mambembe, como as inspirações surgem dos lugares mais estranhos, como são surpreendidos ao se tornarem o podcast mais escutado em todo o iTunes e como chega a hora de repensar suas carreiras profissionais para cuidar da sua verdadeira paixão.
Esse amor por Night Vale é mais que compartilhado pelo público: na primeira vez que fizeram um “episódio ao vivo” contaram com um público de 115 pessoas em um bar que um fã tinha conseguido de graça. Na segunda vez? Duas exibições em Town Hall (dê uma olhada na história deste lugar) para mais de 2.000 pessoas.
Lendo esses trechos dá para entender perfeitamente como uma ideia de dois malucos de fazer um podcast gravado mal e porcamente num microfone USB em um apartamento sujo em Nova York evoluiu em cinco anos para mais de cem episódios, dois livros originais best-sellers do New York Times e uma futura série no FX.
E pense bem: qualquer um pode ter uma ideia. E não vou e nem quero entrar na questão dessa ideia ser boa ou ruim. Até aquela pessoa que se acha um buraco negro onde toda a criatividade vai para morrer pode ter uma ideia. É bem fácil.
A parte difícil é se apaixonar por essa ideia a tal ponto de fazer tudo para que ela dê certo.
Leia o livro, curta os episódios e se inspire com a paixão de Fink & Cranor por Welcome to Night Vale.
Quem sabe você não tem — e se apaixona — por uma ideia própria?